Tarde da noite, o sono não chega. Começo a pensar nele, no nosso encontro, e como seria a nossa vida se estivéssemos juntos… Nós nos conhecemos e ele me dá um sorriso torto, o que me faz sorrir mais ainda. Sem perceber, ele coloca a ponta da língua no canto direito da boca e passa a mão levemente no lado esquerdo do cabelo para arrumar. Então ele abre os braços e eu vou ao seu encontro. Seu cheiro é maravilhoso e eu me perco em meio as lagrimas que agora passeiam pelo meu rosto. Ele as secam com as pontas dos dedos e diz para eu não desperdiçar minhas lágrimas à toa. Não são à toa, são de felicidade, de alívio! De repente tudo some. Branco total. Parece que pulei vários anos: nós agora estamos em um casamento. Eu estou nervosa atrás da porta da igreja, pessoas arrumam meu vestido o tempo todo e me desejam sorte. A porta se abre e eu o vejo parado no altar com as duas mão unidas na frente do corpo. Ele usa um terno preto com uma pequena flor roxa no bolso. Está tão impaciente quanto eu. Sorrio para ele enquanto ando pelo corredor e ele sorri de volta, é o sorriso mais lindo que eu já vi. Ele estica a mão esquerda para pegar a minha e eu a seguro de volta. Me dá um beijo na testa e sussurra em meu ouvido: “Você está linda”. Meus olhos estão marejados agora. As cenas somem bem diante de mim e tudo começa a girar muito rápido. Bem devagar as coisas começam a tomar foco novamente. Estou na frente de uma grande e bonita casa com uma menininha de uns 2 ou 3 anos no colo. Ela mexe em meu cabelo, impaciente, e me pergunta se o quarto dela pode ser rosa. Não entendo nada. Ela tem cabelo quase da cor do meu, liso com alguns caxos nas pontas. Ela tem as maçãs do rosto bem marcadas, com bochechas bem “gordinhas”. Parece um anjinho. “Nicole, vem cá!” -alguém grita. Me viro e o vejo -nós nos casamos mesmo? Aquela menininha era nossa filha? Ele ainda tem o mesmo jeito de menino, embora muito mais velho. Ele parece se divertir tanto quanto Nicole. Pelo jeito aquela é a nossa casa e estamos num domingo. Coloco a Nicole no chão e ela vai correndo ao seu encontro. Ele a pega e cai no chão, fazendo cócegas com a boca na barriga dela. Um menininho de uns 5 anos aparece. Ele veste jeans, camiseta branca e uma camisa xadrez em azul. Tem o cabelo preto pouco bagunçado, mas sem gel e essas coisas todas. Parece muito o pai. Ele está com uma daquelas coisas para atirar água e começa a jogar em cima de seu pai e da sua irmã. Ele larga aquilo e corre em minha direção. “Breno, volta aqui!” -o pai gritou. Pelo jeito queria revanche da “queda de água”. Breno. Esse é o nome dele. Ele começa a puxar minha roupa, então eu abaixo. “Mamãe, vem trocar de roupa? Eu tô com calor”. Antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa, as imagens começaram a sumir novamente. Não, volta aqui! Eu quero os meus filhos de volta! Escuridão. Finalmente abro os olhos. Ainda estou no meu quarto, o mesmo quarto de sempre. Foi só um sonho, o sonho mais bonito que já tive. Ele nunca vai saber desse sonho, ele nunca poderá saber. Nunca.
11 de out. de 2011
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